Cuidados com a égua e o potro: o parto
O período de gestação de uma égua é, em média, trezentos e trinta dias. Durante esse período a égua deve receber alimentação adequada, vacinação, vermifugação e suplementação de acordo com a recomendação de um veterinário. O profissional deve também monitorar regularmente a gestação (por toque ou ultra-som) e indicar um programa de exercícios para a égua se manter saudável e garantir também o desenvolvimento do feto e aumentar as chances de sucesso da gestação e do parto.
Semanas antes, os cuidados com a égua devem aumentar e a rotina da mesma deve ser alterada para não haver aumento no estresse no dia do parto (com mudanças da rotina feitas de última hora).
O piquete em que a égua deve ser colocada (de preferência na companhia de um animal de boa índole) deve estar limpo, todo formado com capim, sem acidentes de relevo e com cerca de madeira. Assim, diminui-se o risco de infecção pós-parto ou acidentes com o recém-nascido. Quando o piquete é pequeno, a observação do processo de parição fica facilitado, sem que a fêmea se sinta incomodada. As “mães de primeira viagem” e as éguas com história de problemas nos partos devem ser observadas com maior freqüência durante o trabalho de parto. É sempre prudente ter um veterinário de plantão ou de sobreaviso para uma possível emergência.
O parto ocorre normalmente à noite e em local calmo, limpo e seco. Nas condições climáticas brasileiras é melhor que o parto ocorra a pasto, o que diminui os riscos de traumas físicos no potro (o que ocorre facilmente no caso de partos em baias-maternidade). Se o criador não tiver piquetes para a parição ou preferir a baia-maternidade, esta deve ser ampla, e com cama sempre limpa.
Os sinais do início de parto podem incluir sudorese, intranqüilidade, manoteamento do solo, olhar os flancos, ansiedade, contrações involuntárias dos membros posteriores e batidas da cauda sobre o períneo (região da vulva).
Um parto normal ocorre em trinta minutos (em média) após o rompimento das membranas fetais (bolsa), com o potro se apresentando com as patas da frente e logo depois o focinho. Um tempo maior que quarenta minutos ou uma posição do nascente diferente representam motivos de risco de vida para mãe e filho (parto distócico) e merecem atenção do médico veterinário.
Após o nascimento o potro já deve estar ativo, livrando-se dos restos do parto, respirando normalmente, tentando se levantar e mamar. Cerca de duas horas depois o recém nascido já deve estar de pé, mamando com freqüência e seguindo a égua. O mais indicado é que mãe e filho sejam deixados em paz, mas faz-se necessária, nas primeiras horas, fazer a desinfecção do umbigo do potro. Outras intervenções só devem ser feitas se necessárias.
O processo de parição termina quando há expulsão dos envoltórios fetais ainda remanescentes no útero. A égua deve expulsar a placenta em até oito horas após o parto e sua retenção pode causar infecção, infertilidade, laminite, toxemia e morte. É importante ressaltar que, mesmo que haja retenção, a placenta não deve ser puxada, uma vez que tal procedimento pode ocasionar lesões uterinas e até mesmo prolapso do útero (inversão do órgão para fora do corpo). Por isso é que deve haver um monitoramento profissional antes, durante e após o parto.
Outra observação é se o potro mama normalmente. A ingestão do colostro (primeiro leite da égua, rico em anticorpos) deve ocorrer nas primeiras vinte e quatro horas após o parto para que o potro adquira imunidade essencial para sua sobrevivência nos primeiros dias . Segundo o médico veterinário André Cintra, é recomendável que égua esteja na propriedade em que irá parir pelo menos quarenta e cinco dias antes do parto, para que haja tempo do seu organismo produzir anticorpos apropriados ao ambiente em que o potro irá nascer. Assim, quando o potro mama o colostro, mama os anticorpos que o protegerão contra os agentes patológicos comuns na propriedade.
Caso não haja ingestão do colostro em vinte quatro horas a absorção de anticorpos fica comprometida. No mesmo período também deve ocorrer a expulsão do mecônio (massa escura formada no intestino do potro na fase fetal). Se não houver essa eliminação, o potro pode apresentar cólicas severas.
Nas primeiras horas um profissional competente pode fazer a ambientação do potro com o ser humano e situações que serão comuns no seu dia-dia (imprinting). A necessidade desse processo não é regra e não há unanimidade entre criadores e treinadores quanto aos benefícios dessa intervenção.
Nos primeiros quatro dias o potro é considerado neonato. Ele ainda é bastante sensível e a égua tem ciúme acentuado em relação à cria, por isso qualquer intervenção na égua ou no potro deve ser feita somente se necessária e com muito cuidado. Eles devem ficar soltos em piquetes pequenos e podem dormir em baia.
Dez dias após o parto, mães e potros de idades semelhantes podem passar a integrar um único lote em um piquete maior. Daí em diante, de acordo com a fase de vida do potro, os animais passam por cuidados e alterações específicas no manejo. As principais fases da vida de um potro serão tratadas em artigos posteriores.
Vale lembrar que os cuidados relatados são gerais e, por isso, pode haver alterações no manejo da égua e do potro de acordo com a prescrição do seu veterinário. Esse profissional, que acompanhou toda a gestação, adequará os procedimentos e cuidados à sua região, condição econômica e condição fisiológica de cada animal. Assim, as chances de sucesso na criação são aumentadas uma vez que será maior o número de produtos saudáveis a serem selecionados posteriormente.
Fiquei a perceber melhor como ajudar uma égua a ter a sua cria, obrigado.
ResponderExcluirFiquei a perceber melhor como ajudar uma égua a ter a sua cria, obrigado.
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